REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO COMER ENTRE AGRICULTORES FAMILIARES
Resumo
Este estudo teve como objetivo identificar e discutir representações sociais do comer entre agricultores familiares. Realizou-se um estudo qualitativo com os produtores e produtoras familiares, residentes da zona rural do município de Silvânia - Goiás, regional de saúde Estrada de Ferro. Para o levantamento das falas e representações foi realizado um grupo focal in loco com o uso de um roteiro semiestruturado. Participaram do estudo onze indivíduos, sendo sete mulheres e quatro homens, com faixa etária entre 40 a 65 anos. Para análise das falas proferidas utilizou-se o método da análise de conteúdo de Bardin. A partir das discussões no grupo focal foram identificadas duas categorias de representações sociais sendo eles classificadas em centrais e periféricas. A primeira categoria central de representação foi chamada de: “O movimento camponês popular e suas conexões com o comer”, e obteve como categorias periféricas “possibilidades de escolha na produção de alimentos”, e “conhecimento de práticas agrícolas”. A segunda categoria central identificada recebeu o nome de “Os sistemas alimentares e suas conexões com o comer”, tendo como categorias periféricas “a expulsão dos camponeses do campo” e “contaminação por agrotóxicos e comida como mercadoria”. Conclui-se que o comer gera percepções que estão além da sua dimensão biológica. Os resultados evidenciam que os símbolos e os significados atribuídos ao ato de comer, são marcados por experiências individuais e coletivas, de vida e trabalho. E nesse contexto, o trabalho no contexto da terra é um marcador importante do que o comer significa para os agricultores familiares. Tal significado demonstrou que o comer é marcado por aspectos sociais, econômicos, históricos e políticos os quais também implicam na realização do direito à alimentação adequada e saudável.
Referências
ABRASCO. Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde / Organização de Fernando Ferreira Carneiro, Lia Giraldo da Silva Augusto, Raquel Maria Rigotto, Karen Friedrich e André Campos Búrigo. - Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 2015. 624 p.
ABRIC, J.C. (2000). A abordagem estrutural das representações sociais. In A.S. Moreira, & D. C. Oliveira. Estudos interdisciplinares de representação social. (2ª ed., pp. 27-38). Goiânia: AB.
ALVES, S.P; COSTA C.L .Resistir na terra :A luta pela moradia camponesa no movimento camponês popular. XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária. Uberlândia, 2012.
BARDIN L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1979.
BRASIL. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 156 p.
CONTRERAS, J. Alimentação sociedade e cultura / Jesus Contreras e Mabel Gracia; tradução de Mayra Fonseca e Barbara Atie Guidalli – Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011. 496 p.
FELICIANO, C.A. O movimento camponês rebelde e a geografia da reforma agraria. 2003. Dissertação (Mestrado em Geografia ) – Universidade de São Paulo.
FELICIANO, C. A; PEREIRA, D. V. Pelas ruas, campos, cidades e avenidas: ações e manifestações dos movimentos socioterritoriais do campo no Brasil (2000-2011). In.: VINHA, Janaina Francisca de Souza Campos (et al.). DATALUTA: questão agrária e coletivo de pensamento. São Paulo: Outras Expressões, 2014.
FERNANDES, B. M. A modernidade no campo e a luta dos sem terra. In: Revista Cultura Vozes – Petrópolis: Vozes, nº1 –janeiro/fevereiro, 1996.
FARIAS, M.F.L. Assentamento Sul Bonito: as incertezas da Travessia na Luta pela Terra. 2002. Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Universidade Estadual Paulista. Araraquara.
GONÇALVES, C.W.; ALENTEJANO, P. Geografia Agrária da Crise dos Alimentos no Brasil. Encontro Latino Americano, 2008. Disponível em :< http://latinoamericanos.posgrado.unam.mx/EVENTOS/EVENTOS2008/geografia/geografia bloque2_3.pdf.
IBAMA. Produtos agrotóxicos e afins comercializados em 2009 no Brasil. 2009. Disponível em:http://www.ibama.gov.br/qualidad e-ambiental/wp content/files/Produtos _Agrotoxicos_Comercializados_Brasil_2009.pdf>.. Acesso em 06 de dezembro 2018.
MAZUR et al., Terapia Nutricional Enteral Domiciliar: interface entre direito humano à alimentação adequada e segurança alimentar e nutricional. Curitiba, 2014.
MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2014.
MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. 1.ed. Rio de Janeiro: Zahar,1978. Representações Sociais: investigação em psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
OLIVEIRA, F., & WERBA, G. C. (2002). Representações sociais. In M.G.C. Jacques, M.N. Strey, & M.G. Bernades. Psicologia Social Contemporânea (6ª ed., pp. 104 – 117) Petrópolis: Vozes.
ROSS, D. A disputa pelo território: agricultura camponesa versus agronegócio nos assentamentos do centro-sul paranaense. XXII Jornada do Trabalho. SP; 2012.
SILVA, D.L. Do Latifúndio ao agronegócio: os adversários do MST no jornal sem-terra. 2013. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
SILVA, M; SOUZA, J. Representações Sociais da Reforma Agraria. Rio Claro, 2012.
SILVA, M.Z. A segurança e a soberania alimentares: conceitos e possibilidades de combate à fome no Brasil, Configurações [Online], 25 | 2020. DOI: https://doi.org/10.4000/configuracoes.8626
ZUIN, A.L.A.; AMARAL, J.L.M.G. Direito alimentar e risco na sociedade moderna: a Amazônia e o agronegócio. Revista Direito e Praxis, Rio de Janeiro, v.9, n.1, p.417 – 442, 2018.
Downloads
Publicado
Licença
Copyright (c) 2024 Ingryd Garcia de Oliveira, Ellen de Souza Fróes, Milena Vieira Porto
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).